Manga: um Símbolo de Raça, Irreverência e Conquistas

Manga: um Símbolo de Raça, Irreverência e Conquistas

Lendário goleiro Manga

 

Haílton Corrêa de Arruda, conhecido no mundo esportivo como Manga, nasceu em Recife (PE), no dia 26 de abril de 1937. Faleceu em 8 de abril de 2025, aos 87 anos, vítima de câncer de próstata. Também chamado carinhosamente de Manguita e Fenômeno, é lembrado como um dos maiores goleiros da história do futebol sul-americano.

 

Origens e Família

Manga cresceu em uma família ligada ao futebol. Três de seus irmãos também foram jogadores:

  • Manguito,
  • Dedé, destaque pelo Sport Club do Recife,
  • Alemão, zagueiro central do América-RJ, famoso pelas cobranças de faltas e pênaltis.

Início da Carreira

Sua trajetória começou nas categorias de base do Sport Club do Recife, onde conquistou o Campeonato Pernambucano de Juniores em 1954. O apelido “Manga” surgiu em comparação ao goleiro do Santos que já levava esse nome.

O treinador Gentil Cardoso percebeu seu talento e o promoveu ao time principal do Sport. Em 1955, com apenas 18 anos, fez sua estreia contra o Náutico, em amistoso na Ilha do Retiro, vencido por 5 a 2. Em 1957, consolidou-se como titular.

No ano seguinte, conquistou seu primeiro título profissional: o Campeonato Pernambucano de 1958, sob o comando do técnico argentino Dante Bianchi. Em 1959, transferiu-se para o Botafogo-RJ, iniciando uma carreira gloriosa.

Clubes e Conquistas

Ao longo de mais de duas décadas, Manga construiu uma trajetória impressionante:

Sport Recife: Campeão Pernambucano (1958). Botafogo (1959–1969): 445 jogos, tetracampeão carioca. Nacional-URU: Campeão uruguaio, da Libertadores e da Copa Intercontinental (1971). Internacional (1974–1976): Tricampeão gaúcho e bicampeão brasileiro.Operário-MS: Campeão Mato-Grossense (1977).Coritiba: Campeão Paranaense (1978).Grêmio: Campeão Gaúcho (1979).Barcelona de Guayaquil: Campeão Equatoriano (1981).

Além disso, conquistou diversos torneios internacionais entre 1960 e 1967, consolidando sua fama mundial.

Um momento marcante na vida de Goleiro

A defesa de Manga em uma falta cobrada por Nelinho na final do Campeonato Brasileiro de 1975 é um momento icônico do futebol brasileiro. Com agilidade e reflexos incríveis, Manga desviou a bola para o canto oposto da sua movimentação inicial, impressionando pela curva extraordinária que a bola fez após passar a barreira.

Nelinho, autor da cobrança, declarou que foi “a maior defesa da sua vida” e reconheceu a habilidade do goleiro. Essa defesa garantiu a vitória do Internacional e o título brasileiro.

Reconhecimentos Individuais

  • Bola de Prata (1976/1978).
  • Integrante da Seleção do Século do Botafogo (2004).
  • Eleito pela IFFHS o 5º melhor goleiro sul-americano e o 4º melhor goleiro brasileiro do século XX.
  • Seleção Brasileira.  Apesar de sua qualidade, Manga não conseguiu ser titular da Seleção devido à concorrência com Gylmar dos Santos Neves, campeão das Copas de 1958 e 1962.

 

Vida Após os Gramados

Manga também atuou como treinador de goleiros em clubes no Equador, nos Estados Unidos e no Internacional.

A partir de 2019 enfrentou problemas renais e passou por várias internações em Quito (Equador), onde vivia. Em 2020, recebeu apoio do Nacional-URU, clube em que é ídolo, e foi convidado por Stepan Nercessian, presidente do Retiro dos Artistas, a residir no Rio de Janeiro.

Personalidade e Legado

Carismático, Manga era conhecido por provocações irreverentes, como:

  • “Flamengo é bicho certo.”
  • “Eu gasto o dinheiro na véspera.”

Seu desempenho inspirou a criação do Dia do Goleiro, em 26 de abril (sua data de nascimento), instituído em 1976 pela Escola de Educação Física do Exército.

Conclusão

 

Manga não foi apenas um goleiro. Foi um símbolo de raça, irreverência e conquistas. De Recife ao mundo, construiu uma carreira marcada por títulos, reconhecimento e uma presença inesquecível nos gramados. Sua memória permanecerá viva como um dos maiores nomes da história do futebol.

 

Walmor1953@gmail.com

 

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