Revisitando a História de Lages – Parte 1

Revisitando a História de Lages – Parte 1

Este artigo visa apresentar uma visão panorâmica da trajetória histórica de Lages de 1766 até 1966, ano do seu Bicentenário, com foco em três eixos: formação política, desenvolvimento econômico e identidade cultural.

 

Memória, espaço e identidade

Em Lages, município localizado na Serra Catarinense, a história se manifesta de forma viva na memória coletiva, na mídia impressa e audiovisual, nos monumentos das praças, nas instituições públicas, nas construções históricas, nos registros educacionais, no acervo dos museus, nas festas populares e no engajamento cívico e político da população. 

Afinal, a quem pertence o coração histórico de Lages? A São Paulo, ao Rio Grande do Sul ou a Santa Catarina? Essa pergunta instiga quem se debruça sobre os caminhos trilhados pela nossa querida Princesa da Serra. E para encontrar a resposta, é preciso percorrer os registros, mapas e histórias que remontam aos séculos passados.

Lages antes deLages

Muito antes da fundação oficial, os vastos campos de Lages já ecoavam os sons da atividade humana.

 

Lages já tinha raízes antes de ser fundada. Antes da criação oficial, fazendeiros portugueses ocupavam a região. Registros do Arquivo Municipal de Curitiba mostram que, 32 anos antes da vila, havia pelo menos 16 fazendas e cerca de 82 moradores na área. Ali, o trabalho se voltava principalmente à criação de gado, mulas e cavalos — base fundamental da economia que então se desenhava.

Entre os pioneiros que desbravaram a serra estavam nomes que se tornariam emblemáticos na história lageana: Antônio Correia Pinto de Macedo, Pinto Bento, Soares da Motta, Bento do Amaral Gurgel e tantos outros. Suas ações lançaram as primeiras sementes da formação social e econômica da região.

Situada como elo entre o Sul e o Sudeste, Lages se posicionava estrategicamente no trajeto das rotas tropeiras. Os rebanhos, vindos dos campos do Rio Grande do Sul, cruzavam o planalto rumo a Minas Gerais, onde abasteciam os trabalhadores da mineração. Assim, mesmo antes de existir formalmente, o vilarejo já era ponto de passagem e de trocas — um lugar de encontros, negócios e histórias.

A visão do Morgado de Mateus

Foi no século XVIII que a história lageana começou a tomar forma oficial. Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão, o Morgado de Mateus, então governador da Capitania de São Paulo, estava preocupado com as fronteiras do sul do território. Era preciso estabelecer presença diante da ameaça de invasões espanholas.

 

 

Entre 1765 e 1775, oMorgado de Mateus, governou a Capitania de São Paulo com pulso firme e visão estratégica. Em apenas uma década, deu novo fôlego à região, fundando cerca de 20 cidades e redesenhando seu território. Inspirado pelas ideias iluministas do governo pombalino, incentivou a urbanização e a criação de vilas, com o objetivo de reunir a população em espaços civis sob a autoridade da Coroa — uma tentativa de impor ordem, progresso e civilidade aos confins da colônia

Por volta de  1766, ele designou o bandeirante Antônio Correia Pinto de Macedo para fundar uma nova comunidade. A expedição partiu em direção aos campos do sul, alcançando em 22 de novembro a região de Morrinhos (Coxilha Rica). A paisagem apresentava diversos desafios, incluindo escassez de materiais, água potável e infraestrutura adequada. Solução encontrada foi avançar para o norte, nas proximidades do Rio Canoas. Após algum tempo de ajustes e tentativas, em 22 de maio de 1771, a comitiva estabeleceu-se no local definitivo que atualmente abriga um monumento esculpido pelo artista lageano Agostinho Malinverni Filho em homenagem ao fundador de Lages. Este monumento foi inaugurado em 22 de novembro de 1966, durante as celebrações do Bicentenário da cidade.

Dos altos e baixos à construção de uma Vila

Correia Pinto liderou o início da vila até sua morte, em 1783. Com sua ausência, vieram a burocracia, o medo de ataques indígenas e o abandono. A vila  entrou em decadência, e sua população diminuiu. Em 1786, Bento do Amaral Gurgel Annes assumiu o comando — permanecendo no cargo até 1812. Com 27 anos de liderança, foi o mais longevo administrador da vila.

Entre 1777 e 1797, os censos registraram oscilações no número de habitantes. De 667 moradores em 1777, a população caiu para 563 em 1789, sofreu novas variações e chegou a 566 ao final da década de 1790.

O elo com São Paulo… e a separação

Lages foi elevada à categoria de vila por Carta Régia  de 26 de janeiro de 1765, com o nome de Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das  Lagens. A influência paulista era nítida: Os campos de Lages fazia parte da Capitania de São Paulo. Sua organização militar, administrativa e religiosa seguia os padrões paulistas.

 

Lages mesmo geograficamente distante — especialmente com o Paraná,  ainda pertencia a São Paulo até 1853 — a conexão era sólida. Contudo, em 9 de setembro de 1820, um Alvará Régio alterou o rumo da história: Os campos de Lages foi incorporada à Província de Santa Catarina. O motivo principal era prático — a distância de São Paulo e a recente abertura de um caminho ligando Lages a Desterro (atual Florianópolis).  A vila   passou, então, a fazer parte da comarca catarinense.

Mas a transição não foi apenas política. Na esfera eclesiástica, Lages permaneceu sob o bispado de São Paulo até 1892, quando foi transferida para Curitiba e, posteriormente, em 1908, para o bispado de Florianópolis. Apenas em 1927 a cidade ganhou sua própria diocese.

Lages muito mais que um lugar: uma identidade entrelaçada

Mesmo após a separação formal, os laços com São Paulo permaneceram fortes por muitos anos. Havia vínculos familiares, conexões econômicas e relações sociais que resistiram ao tempo e à distância.

Hoje, ao revisitarmos essa trajetória, entendemos que Lages é, sim, catarinense de alma e coração. Mas suas raízes fincam-se fundo no solo paulista, de onde vieram os primeiros passos, os traços culturais, os modos de organizar a vida.

Essa conexão não se apaga — ela enriquece a identidade de Lages e faz dela um lugar único: forjado nas rotas do gado, nos sonhos dos bandeirantes e na tenacidade de um povo que soube atravessar séculos com memória e orgulho.

Ao caminhar por  Lages, é impossível não sentir o pulsar vivo de uma história rica e vibrante em cada rua, praça e edificação centenária. A cidade, conhecida como a Princesa da Serra, carrega em suas raízes a força de um povo resiliente, politizado e profundamente enraizado nas transformações sociais, econômicas e culturais do Brasil.

Desde os tempos coloniais, Lages tem sido palco de importantes episódios que atravessam as fronteiras do estado de Santa Catarina, refletindo-se no cenário nacional. Entre tropeiros e revolucionários, entre fazendas e parlamentos, a cidade construiu uma trajetória marcada pela bravura.

 

Com sua beleza natural de campos ondulados e araucárias centenárias, Lages não apenas encanta os olhos — ela também acolhe corações. Seu espírito hospitaleiro e sua força cultural inspiraram poetas, músicos e cronistas a eternizarem suas impressões em versos, prosas e canções. Cada homenagem é um testemunho do orgulho e do afeto de seus filhos e admiradores, que reconhecem em Lages muito mais que um lugar: uma identidade.

Aqui, tradição e modernidade caminham lado a lado. A memória dos antigos tropeiros ainda ecoa nas festas populares e no modo de viver lageano, enquanto a cidade avança, abrindo-se à inovação e à diversidade sem esquecer suas origens.

Raízes políticas e os movimentos históricos 

Nos ecos da história, podemos ouvir os murmúrios de sua rica trajetória, que remonta ao período imperial brasileiro, entre os anos de 1822 e 1889. A cidade de  Lages já apresentava efervescência política.                           (Foto: Estátua construída em homenagem ao Presidente Nereu Ramos- Florianópolis)

 

Dois grupos dominavam a cena local: os Conservadores, representados pela tradicional família Ramos, e os Liberais, sob a liderança da família Costa. A rivalidade política, longe de ser apenas local, refletia os debates e tensões do país em transformação.

A imprensa lageana desempenhou papel fundamental nesse cenário. O jornal “O Lageano,” fundado em 1883, foi um marco para a livre expressão e defesa de ideais liberais. Mais tarde, “A Gazeta de Lages,” criada em 1892, surgiu com uma linha republicana. Durante as décadas seguintes, Lages testemunhou o florescimento de outros periódicos como “Guia Serrano,” “Região Serrana,” “Jornal da Serra” e o histórico “Correio Lageano”, este último relançado em 1939 e símbolo de continuidade jornalística e democrática.

Eventos marcantes atravessaram a história lageana. Em 1839, em plena Guerra dos Farrapos, a população da terra de Correia Pinto abraçou a causa republicana com fervor, contribuindo para a efêmera República Juliana. Já no início do século XX, a Guerra do Contestado (1912–1914) marcou a região com conflitos sangrentos, envolvendo questões de terras, religiosidade popular e disputas de fronteiras com o Paraná.

Lages não apenas formou cidadãos conscientes — forjou líderes. A cidade deu ao  Estado de Santa Catarina sete governadores, brilhantes senadores e deputados, e até mesmo um presidente da República, Nereu de Oliveira Ramos  (1888 – 1958).

Nereu Ramos, ilustre cidadão lageano, o único presidente brasileiro, nascido em terras catarinenses, teve papel decisivo na reconstrução democrática do Brasil após a ditadura Vargas e a Segunda Guerra Mundial. Como presidente interino entre 1946 e 1947, foi responsável pela promulgação da Constituição de 1946, um marco na consolidação dos direitos civis e na reafirmação do Estado de Direito. Sua figura permanece como símbolo da modernização e da seriedade política, tanto em Santa Catarina quanto no cenário nacional.

Avanços na economia e melhorias na infraestrutura

A economia de Lages começou com a pecuária. A cidade tinha localização estratégica no “Caminho das Tropas”, que ligava Viamão a Sorocaba. Os campos amplos e o relevo favorável ajudaram no crescimento da atividade. A pecuária virou a principal fonte de renda de Lages.                                    (Foto:Primeiro mercado municipal de Lages)

O antigo Mercado Municipal de Lages ficava na Praça Vidal Ramos Sênior, anteriormente chamada Praça da Cavalhada, e atualmente abriga o Supermercado Myatã. A construção, inaugurada em 1879, foi reformada e reinaugurada em 29 de setembro de 1889, na gestão do superintendente Vidal José de Oliveira Ramos Júnior.

As atividades predominantes incluíam o extrativismo, a pecuária, o cultivo de erva-mate, fumo, mandioca e grãos. Faltavam infraestrutura, serviços e acesso a mercados mais amplos. Acrescentam-se a essas dificuldades, a distância de Lages dos grandes centros fornecedores e consumidores. Até a década de 1930, Lages tornou-se um importante ponto de referência para famílias da região, facilitando a troca e compra de mantimentos, especialmente nas feiras do Mercado Público, com forte influência dos tropeiros.

 

Entre as décadas de 1940 e 1960, a cidade passou por transformações urbanas significativas, que incluíram a restauração e pavimentação de ruas e calçadas, além da construção de teatros, cinemas, hotéis, um aeroporto e um terminal rodoviário intermunicipal.

(Foto: Praça João Costa –  ao fundo o Banco INCO)

 

A modernização da infraestrutura urbana abrangeu a implementação de redes de esgoto, sistemas de abastecimento de água e fornecimento de energia elétrica, bem como reformas em espaços públicos, incluindo a instalação de bustos em praças em homenagem aos  seus ilustres cidadãos. As intervenções realizadas pelos prefeitos nesse período permanecem evidentes na contemporaneidade.

“Difícil a rua que não se observa qualquer movimento que visa melhorar o seu aspecto. Aqui se reforma o calçamento, ali se constroe muros, acolá se plantam os meios fios para depois surgir os passeios que são tão necessários para os transeuntes, mormente em tempo de chuva”. (Correio Lageano -1955)

As transformações na serra catarinense foram impulsionadas pelo Ciclo da Madeira, tornando Lages um importante polo madeireiro devido à presença de araucárias de alta qualidade. Imigrantes italianos do Rio Grande do Sul estabeleceram serrarias, contribuindo para o crescimento local. Esse período foi fundamental para a economia da cidade, fazendo de Lages um dos municípios mais relevantes do estado em termos de política, território, população, economia e arrecadação de impostos.

 

Durante o governo de Celso Ramos (1897–1996), a cidade vivenciou um importante  desenvolvimento com o Plano de Metas de Governo – PLAMEG 1.

(Foto do Moinho Cruzeiro em construção)

O PLAMEG1  promoveu investimentos em áreas como educação, saúde, industrialização, com a construção do Colégio Industrial (SENAI), e infraestrutura, abrangendo a abertura e pavimentação de estradas. 

Outro importante avanço foi a conclusão da Rodovia BR-2 (atual BR-116) em 1961, iniciada no governo de Juscelino Kubitschek (1902/1976), que conectou o Nordeste ao sul do país, sendo fundamental para o escoamento da produção e a mobilidade da região. A rodovia foi construída pelo 2º Batalhão Rodoviário do Exército.

Na década de 1960, as reservas de araucária diminuíram. Houve troca por reflorestamento com pinus. Começou um novo ciclo econômico na silvicultura. Hoje, Lages vive seu terceiro ciclo da madeira. Novas indústrias madeireiras estão sendo instaladas. Investimentos fortes fortalecem o setor. A cidade se torna um polo importante na economia de Santa Catarina.

Bicentenário, engajamento cívico e impacto da ditadura militar

 

Em 1966, foram emitidos selos comemorativos em homenagem à chegada do capitão-mor Antônio Correia Pinto a Lages, marcando o bicentenário do município. Dentre esses, destacou-se o selo de identificação SB0558U, criado especificamente para a ocasião. 

 

No período de 1961 a 1965, a gestão municipal de Lages foi liderada pelo prefeito Dr. Wolny Della Rocca (1930–2019). Graduado em engenharia química, após seu mandato contribuiu para o governo estadual na fundação da CASAN (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento). Além disso, teve participação ativa no esporte, assumindo a presidência do Internacional e promovendo a renomeação do Estádio Ponte Grande para Estádio Municipal Vidal Ramos Júnior (Tio Vida).

No contexto da ditadura militar instaurada em 1964, Lages se preparava para comemorar os 200 anos de sua fundação em 22 de novembro de 1966. Assim, antes do término de seu mandato, Dr. Wolny Della Rocca sancionou a Lei nº 213/1964, que criou comissões organizadoras para o planejamento das celebrações do Bicentenário. As festividades previstas na referida lei envolveram toda a comunidade por meio de comissões responsáveis pela coordenação geral, divulgação, esportes, indústria, urbanismo e recepção.

Na época, o clima político apresentava-se tenso, conforme evidenciado por registros em jornais de Lages que documentaram perseguições, censura e intervenções federais.

Com a morte súbita do prefeito Valdo da Costa Ávila, ocorrida em dezembro de 1966, o vereador Dr. Nilton Rogério Neves (1938–2014), que exercia a função de chefe do poder legislativo municipal, foi nomeado interventor federal em janeiro de 1967, sucedendo Valdo Costa na administração da prefeitura. A nomeação foi realizada pelo então Presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.

O nome da cidade

“Lages (com gê), tempo do carro de boi, dos postes com luz de querosene, dos cargueiros sonolentos, dos fios de barba-documento. Lajes (com jota), cidade do trânsito vertiginoso e cheio de perigos, das luzes ofuscantes nas madrugadas frias: dos caminhões atopetados de pneus, de sacos de farinha, mercadorias de que outras praças carecem; dos lindos prédios com água encanada e telefone. E quando o trem apitar nas coxilhas do antigo Conta Dinheiro, só contemplando velhas fotografias é que compreendemos quanto a Lajes moderna é diferente da velha Lages de Correia Pinto” (Jornal Região Serrana – 1949)

O nome da cidade guarda sua própria história. Inicialmente grafado como “Lagens”, passou pela escrita com “J”,  até ser oficializado com “G”, por meio da Lei nº 296/1960, sancionada pelo presidente da Câmara Municipal, Dorvalino Furtado.

A cidade fundada por Antônio Correia Pinto de Macedo, sob a denominação de Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lagens, carrega também os títulos de Princesa da Serra e Capital Nacional do Turismo Rural. Eventos como a Festa do Pinhão celebram a cultura, a culinária e a música da região, atraindo visitantes de todo o Brasil.

Um passado que pulsa no presente

Relembrar datas e acontecimentos; é mergulhar na formação da identidade lageana, forjada em lutas, resistências e conquistas. Monumentos históricos, construções centenárias e tradições mantidas com orgulho refletem o espírito lageano.

(Colégio Vidal Ramos Junior, hoje Centro Cultural Vidal Ramos Junior)

Lages  carrega em suas ruas, praças e construções antigas as marcas de um tempo que não passa — apenasse transforma. O passado não ficou para trás: ela vive nos costumes, nos nomes que resistem nas esquinas e nas histórias contadas de geração em geração. A nossa cidade que, mesmo enraizadas em suas origens, continuam escrevendo a própria história com a força de quem sabe de onde veio.

É assim Lages. Cidade forjada pelo trabalho de muitos, moldada por sonhos que cruzaram décadas, ela ainda caminha, reinventando-se sem esquecer quem é. O ontem vive no hoje, e cada novo capítulo reafirma a alma de um lugar que nunca deixou de ser movimento, memória e futuro.

“(…) uma cidade não se faz apenas através de traços retos, praças, casas ou palacetes. O elemento humano é que dá vida a esse espaço.”  (Le Goff, Jacques. HISTÓRIA E MEMÓRIA, 4 ed. Campinas. SP: Ed. UNICAMP, 1996).

Em depoimento, Dante Coelho, ex-trabalhador de serraria, revela com sensibilidade as consequências da drástica redução da atividade madeireira nos campos de Lages, la pela decada de 1960. Para ele:

“às vezes eu fico pensando sobre aquele tempo…pensá o tanto de pinheiro que foi derrubado. Não dá nem pra imaginá… era aquela pressa se derrubava pinheiro aqui e já ia marcando pinheiro lá ( mostra com a mão) na serra…  fico pensando que ninguém queria saber naquele tempo, que os pinheiro iam acabá.. as serrarias tomaram conta de tudo… a gente trabaiava no pesado e porque conhecia tudo que era terreno aqui na região, não faltava trabalho… se tivesse alguém que pensasse no futuro, naquele tempo, talvez as coisas tivesse sido diferente hoje.

Foi bom pros donos das serrarias, e pra alguns fazendeiros que souberam aproveitá o dinheiro da madeira… pros caboclos véios, não sobrou nada, ficaram como antes, pobres… muitos venderam o terreninho e foram para a cidade ( Lages, principalmente) outros continuaram até hoje por aqui… dá saudade viu… mas do tanto de pinheiro que tinha, por tudo, acho que pensaram que nunca ia se acabá… e com o tempo derrubaram tudo… até hoje eu não sei como é que pôde, tudo termina assim. Muita gente foi embora… muitos donos de terras aqui, que venderam pinheiros pras serrarias, hoje tão mais pobres do que eram antes. Eles não davam valor pros pinheiros e foram, ficaram no prejuízo”. (OLIVEIRA, Humberto Aloízio de. Do apito das serrarias ao silêncio das araucárias: Painel SC – 1959–1976) – 2002.

Walmor Tadeu Schweitzer

Professor Universitário

 

Fontes: 

COSTA, Otacílio.  História de Lages: apontamentos.  Florianópolis: Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda, 1944.

CABRAL, Oswaldo R.  História de Santa Catarina.  Florianópolis: Lunardelli, 1994.

EHLKE, Cyro.  A conquista do planalto catarinense: bandeirantes e tropeiros do “sertão de Curitiba”.  Florianópolis: Laudes, 1973.

MARTINS, Romário.  Lages: histórico de sua fundação até 1821 – documentos e argumentos.  Curitiba: Tipografia da Livraria Econômica, 1910.

MATTOS, Jacinto Antonio de.  Colonização do estado de Santa Catharina: dados históricos e estatísticos 1640-1916.  Florianópolis: Tipografia do Dia, 1917.

OLIVEIRA, Humberto Aloízio de. Do apito das serrarias ao silêncio das araucárias: Painel SC – 1959–1976. 2002. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Florianópolis, 2002.

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE LAGES – SANTA CATARINA.  Lei Ordinária  nº 296, de 28 de novembro de 1960. Oficializa a Grafia de Lages com “G”e dá outras providências.

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE LAGES – SANTA CATARINA.  Lei Ordinária  nº 213, de 09 de dezembro de 1964.  Cria Comissões e Respectivas Atribuições para Organizar e Realizar Programas do Bicentenário.

IBGE. https//memoria.ibge.gov.br. censos demográficos – biblioteca.ibge.gov.br – biblioteca catalogo,Recenseamentos Gerais e estatísticas populacionais no Brasil. Estatísticas de população pré-1870.

ARQUIVO MUNICIPAL DE CURITIBA. https://dibrarq.arquivonacional.gov.br › index.php › arq…
 

 

 

Nenhum comentário

Escrever comentário