
18 maio Um marco histórico para a humanidade: o rádio
“Imagine ouvir o mundo sem precisar vê-lo. Sentir a notícia, a música ou a emoção chegando até você como se fosse um sussurro direto ao coração. Essa é a magia do rádio.”
Muito mais do que um simples aparelho, o rádio é presença, é memória viva, é elo invisível entre vozes e ouvidos. Ele atravessa gerações, conecta distâncias e, até hoje, é companhia diária de milhões de pessoas. Ao longo de mais de um século, foi o protagonista silencioso de grandes transformações sociais, políticas e culturais. E mesmo diante da avalanche tecnológica dos tempos modernos, segue atual, pulsante e indispensável
Os primórdios de uma revolução sonora
A trajetória do rádio começou no século XIX, com a teoria das ondas eletromagnéticas proposta por James Clerk Maxwell, em 1863. Suas ideias foram comprovadas em 1887 pelo físico Heinrich Hertz, que demonstrou experimentalmente a existência dessas ondas, eternizando seu nome na unidade de medida de frequência: o hertz.
Foi em 1895, porém, que o rádio ganhou forma prática pelas mãos do italiano Guglielmo Marconi, considerado o “pai do rádio”. Marconi não apenas realizou transmissões pioneiras, como também protagonizou o feito simbólico de acender as luzes do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, à distância, a partir de Roma. Sua contribuição foi reconhecida com o Prêmio Nobel de Física em 1909. Em poucos anos, o rádio passou a ser produzido em larga escala, tornando-se um meio global de comunicação.
O Padre Roberto Landell de Moura, cientista e inventor brasileiro merece também destaque quando o assunto se refere a invenção do rádio.Natural de Porto Alegre, realizou, em 1899, uma transmissão pública sem fio utilizando seu próprio transmissor de ondas sonoras.
Suas primeiras palavras foram: “Toquem o Hino Nacional!”. Embora tenha registrado patentes no Brasil e nos Estados Unidos, Landell foi marginalizado por boa parte da comunidade científica de sua época. Hoje, é reconhecido como um visionário e símbolo de perseverança.
A revolução do rádioO rádio mudou para sempre a comunicação humana. Pela primeira vez, foi possível transmitir uma mensagem a milhares — depois milhões — de ouvintes simultaneamente. Tornou-se o primeiro veículo de comunicação de massa, uma extensão do telégrafo e do telefone, levando notícias, entretenimento e cultura a todos os cantos.
No Brasil, a primeira transmissão radiofônica oficial ocorreu em 1923, protagonizada por Edgard Roquette-Pinto e Henry Morize. Para Roquette-Pinto, o rádio era um instrumento pedagógico poderoso, sobretudo para a inclusão social de analfabetos. Nascia ali a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, marco da radiodifusão brasileira.
A simplicidade de sua estrutura — microfone, mesa de som, transmissor, antena e receptor — contrasta com sua complexidade cultural e seu alcance transformador. O rádio estimula a imaginação sonora: faz o ouvinte “ver com os ouvidos”.
O rádio hoje: conectando o Brasil
Segundo a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), em novembro de 2023, o Brasil contava com 9.946 emissoras licenciadas:
4.258 emissoras FM;
1.037 emissoras AM;
4.651 emissoras comunitárias.
Isso mostra o poder de penetração do rádio nas mais diversas regiões do país. Ele conecta comunidades, resgata identidades, valoriza o regionalismo e promove o diálogo local.
A pesquisa Inside Audio 2024, da Kantar IBOPE Media, revela que 90% da população das grandes metrópoles brasileiras ouve rádio todos os dias — um universo de 52 milhões de pessoas. E mais: 69% dos ouvintes confiam no rádio como fonte de informação local, superando outros meios tradicionais e digitais.
Mais que som: identidade, emoção e resistência.O rádio resistiu e se reinventou diante de tudo: televisão, internet, redes sociais, streamings e podcasts. Ele não desapareceu — migrou para o digital, ganhou mobilidade e versatilidade. Hoje, está presente em celulares, aplicativos, carros conectados, assistentes virtuais e até em relógios inteligentes.
Em momentos de crise — como enchentes, pandemias ou apagões — o rádio segue sendo uma das principais fontes de informação acessível, imediata e confiável. Em zonas rurais e comunidades remotas, ainda é a única ligação com o resto do país.
O rádio é eterno porque é humano
O rádio permanece vivo porque pulsa no ritmo da escuta, da emoção, da intimidade. Ele não exige que paremos para ver, apenas que estejamos atentos para sentir. Em um mundo saturado de imagens e distrações, o rádio oferece pausas sonoras que informam, encantam, acolhem e transformam.
Como bem expressou Joubert de Jesus Carvalho:
“É o rádio!
É história, é moderno, é eterno, é mutante, é gigante…
É vício, é paixão, é companhia…
É todo dia!”
Walmor Tadeu Schweitzer
walmor1953@gmail.com
📚 Fontes:
- ABERT – Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão. Dados setoriais. Disponível em: https://www.abert.org.br. Acesso em: 18 mai. 2025.
- KANTAR IBOPE MEDIA. Inside Radio 2024.
- OLIVEIRA, Venício A. de. Rádio: o veículo, a história e a prática. São Paulo: Summus, 2003.
- GHIRARDI, Regina. A história do rádio no Brasil. São Paulo: Contexto, 2015.
- BARBOSA, Marialva. História cultural da imprensa: Brasil, 1900–2000. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.
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